domingo, 20 de março de 2016

Dríades Excluídas

Pintura digital Dríades excluídas. Autora: Cilene de Souza Bispo


A obra Dríades excluídas surgiu após reflexões sobre a exclusão do considerado feio na busca do escolhido como belo para transmitir grandiosidade.

Situação bem comum na história, na religião e na religiosidade do outro, o mito. A virgem grávida, o hebreu branco dos olhos azuis, o termo descobrimento de terras no lugar de invasão, entre outros.

No auge da adolescência mergulhada em mitologias gregas e nórdicas, ler Harry Potter, para quem já é graduado em Tolkien, leva-se a crise de existência descobrir a aparência mais verídica dos seres élficos. Seres estes engrandecidos de maneira mais eurocêntrica possível nas obras de um dos destaques do The Inklings.

Pensando nesses seres baixos, enrugados, com olhos enormes, orelhas tão grandes a ponto da cartilagem fina se dependurar, de postura retraída e da facilidade com que a autora passou a beleza deste ser mitológico mesmo com traços ditos contrários ao considerado esplendor. Me levou a um dos principais personagens que de tão deturpados muitas vezes nem são remetidos à mitologia grega, as fadas.

Apenas uma entre as mais variadas ninfas, a fada, também conhecida como dríade e alseíde, foi a única admirada por estar ligada às flores, retirada do meio mitológico, reinventada e usada posteriormente como referência para a criação de outras ninfas. Personagem, que agora, com vestimentas sensuais no lugar da nudez, aparência mais ligada aos humanos do que à flora e aos artrópodes e em que as atitudes se baseiam na inocência no lugar da astúcia, transforma a beleza e o mistério das ninfas em egocentrismo. Uma ninfa das águas doces só será fantástica se for próxima da beleza humana e por parecer mulher, tem que ser delicada e sensual. Excluindo toda a importância e o temor que as dríades causavam nos lenhadores.

Dríades excluídas vem para mostrar a beleza no que não seria considerado belo nas ninfas, expondo as mais próximas aos fungos, artrópodes e caramujos.

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