Obra Cheiro, baseada em foto. Autora: Cilene de Souza Bispo |
A pintura Cheiro
foi baseada na Double Fugue de Norman Sunshine, onde optei trabalhar com a mesma técnica
usada por esta autora.
Na Double Fugue, Norman
trabalhou com a paleta referente à fruta maça, mesmo que parte das cores
desta paleta nem apareça na imagem original a qual ela se inspirou. Então
resolvi usar um tratamento parecido para a obra Cheiro, no entanto, atribuindo paleta com tons de carnação no lugar
dos de maça.
Apesar de divergentes, as cores incluídas no trabalho
possuem uma semelhança. Todas são classificadas com “pardas” no Brasil. Ambas
as personagens presentes na imagem possuem tons de pele praticamente iguais na
imagem original, sendo que uma é considerada branca e outra “parda”, devido à
problemática com a aceitação da palavra negra às pessoas de tons mais claros.
Tanto que na própria imagem, a lida como branca, não desperta questionamentos
em relação à veracidade dessa afirmação inconsciente, já a “parda”, passará por
várias análises para ser considerada preta ou não.
Várias tonalidades de pardo, café com leite, “pingo de
leite”, cor de papelão etc., foram pensados como título para esta pintura, no entanto,
ela não carrega apenas o traçado político, há em primeiro lugar, encargo
emocional/afetuoso entre duas pessoas que vivem à margem de toda discussão
racial.